Engano ou Ódio?

Por Eng. João Ulysses Laudissi: Especialista em Gestão da Qualidade. Vivência nas ár 02/04/2020

“Precisamos ser maus o bastante para sabermos fazer crueldades, mas bons o bastante para não ousar fazê-las”. (Maquiavel)

Nicolau Maquiavel (1469-1527), de origem florentina do Renascimento, nos deixa um legado com os seus escritos sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser.

Então, vamos lá. Estamos assistindo o desenrolar de um jogo da política que pode dizer tratar-se de um jogo de aparências, ao meu ver.

Desse jogo sinto o cheiro de que a população foi enganada, ou seja, essa mesma população foi envolvida num conjunto de expectativas que agora não estão sendo cumpridas.

Mas, no jogo da política, a disputa pela glória está levando alguns políticos e governantes regionais, deste grandioso Brasil, aparentarem mais do que são, mas na essência enganam a população com ações contrárias do que prometeram nas suas campanhas.

Por exemplo: políticos e governadores de várias regiões do Brasil que colaram os seus nomes no candidato presidencial preferido da população para ganharem as eleições e que após ganharem as eleições, com o slogan de apoiadores de um novo modo de governar e de fazer política, revelaram as suas verdadeiras identidades de praticantes da velha política e de oportunistas.

E agora, onde ficou a honra, a palavra, o compromisso dos que se utilizaram da preferência popular do candidato ao cargo majoritário da nação para se elegerem?

Maquiavel diria que esses políticos oportunistas arquitetaram a trajetória que todo qualquer outro governante busca, ou seja, o poder do governante que conquistou o poder maior.

Assim, no jogo político não existe confiança dos aliados e nem apoio incondicional. O que existe é o jogo das circunstâncias. Mas, ainda bem que o poder tem prazo de validade. As coisas mudam e as divisões voltam à baila e os indivíduos voltam a escolher a partir das relações de força e desejo.

No entanto, se os indivíduos não exercerem o seu poder de cidadãos, suas expectativas depositadas nos seus escolhidos não serão cumpridas e serão, mais uma vez, enganados.

Por isso, ser cidadão é cobrar resultados eficientes e eficazes dos governantes, que por sua vez, precisam saber:

1-  Comunicar-se com o imaginário do seu momento, ou seja, ser capaz de lidar com a linguagem e os símbolos que a população está construindo. Como a maioria dos políticos não se comunica corretamente com a sociedade, acabam utilizando e se protegendo atrás de velhos conceitos ou imagens preconcebidas, sem conhecimento profundo, sobre o que estão tratando.

2-  Produzir narrativas para transmitir conhecimento e explicar fatos que a política ainda não havia explicado.

3-  Mover paixões e vontades para que aceitem o seu poder.

Isto posto, concluo, alinhado com o pensamento de Maquiavel, que entre ser amado ou temido, um governante deve se preocupar em jamais ser odiado.