Entidades publicam manifesto de apoio à greve dos professores em defesa da vida

11/02/2021


Apeoesp promove assembleia nesta 6ª feira para avaliar movimento da categoria

 

Diversas entidades decidiram publicar manifesto de apoio à greve em defesa da vida deflagrada pelos professores da rede estadual de ensino contra o retorno das aulas presenciais em função da pandemia do coronavírus, com a alegação de que essa medida está colocando em risco toda sociedade.  O documento foi tirado após a assembleia virtual coordenada pela presidenta da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), a deputada estadual Professora Bebel (PT), que reuniu profissionais da educação, estudantes, centrais sindicais, pais, mães  e  segmentos sociais, na tarde da última quarta-feira, dia 10 de fevereiro. Já nesta sexta-feira, 12 de fevereiro, às 15 horas, a Apeoesp promove assembleia virtual dos professores para avaliar a greve, iniciada nesta última segunda-feira, 8 de fevereiro, em defesa da vida. “É fundamental esta assembleia para avaliarmos os rumos do movimento”, diz a Professora Bebel.

Nesta semana, a Professora Bebel fez na tribuna da Assembleia Legislativa a defesa da educação pública, gratuita, laica, de qualidade para todos, com gestão democrática, contra a entrega de escolas públicas para grupos privados (organizações sociais). A deputada também a defesa do direito à vida, contra o que considera de “irresponsável volta às aulas em plena pandemia, sem vacinação”. Denunciou ainda que a Apeoesp já registrou, em apenas 125 escolas, 247 casos de contaminação de profissionais da educação por covid-19.

O documento que apoia a greve e repudia o retorno às aulas presenciais foi publicado em conjunto pelo secretário de Relações Internacionais da  CNTE Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação,  Roberto Franklin de Leão; pelo coordenador do  Fórum Estadual de Educação,  Leandro Alves de Oliveira; pela presidenta da FETE ( Federação dos Trabalhadores em Educação do Estado de São Paulo),  Nilcea Fleury Victorino; pelo presidente da CUT/SP ( Central Única dos Trabalhadores),  Douglas Martins Izzo; pelo presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras), Renê Vicente; pelo secretário geral da Intersindical,  Central da Classe Trabalhadora, Edson Carneiro; pela presidenta da Apeoesp, Professora Bebel: pelo presidente da Afuse (Sindicato dos Funcionários e Servidores da Educação de São Paulo), João Marcos de Lima; pela presidenta da APASE ( Sindicato dos Supervisores de Ensino do Magistério Oficial no Estado de São Paulo), Rosaura Aparecida de Almeida, e pelo presidenta da UESP ( União dos Estudantes Secundaristas de Piracicaba),Tiago Fainer.

DOCUMENTO -- O documento tem o seguinte teor: “Nós, representantes das entidades abaixo assinadas, vimos a público manifestar irrestrito apoio aos professores da rede estadual de ensino de São Paulo, que continuam em greve sanitária em defesa da vida, iniciada em 8 de fevereiro, contra a insanidade da volta às aulas presenciais em meio a uma pandemia que já matou mais de 233 mil brasileiros e brasileiras. Os professores e as professoras de São Paulo que aderiram à greve, colocaram-se em trabalho remoto e estão cumprindo um dever cívico de defender a vida.

Enquanto isso, a postura negacionista do secretário da Educação do Estado, Rossieli Soares, que obrigou a presença dos professores nas escolas e mandou iniciar as aulas em 8 de fevereiro, apesar da gravidade da pandemia, não representa uma ameaça apenas aos integrantes da comunidade escolar, mas a toda a sociedade, pois contribui diretamente para que vírus continue a circular, agora em parcelas ainda mais amplas da população.

O perigo não está apenas nas escolas, que não dispõem de condições de ventilação, equipamentos de proteção individual, número de funcionários e outras condições estruturais para que sejam assegurados os protocolos de segurança sanitária, mas também no trajeto, que é feito em ônibus, trens e metrô lotados.

Os funcionários da limpeza, de empresas terceirizadas, são em média apenas em torno de 1 a 2 por escola, absolutamente insuficientes para manter a limpeza geral de três em três horas, como define o protocolo de segurança sanitária. Em muitas escolas falta papel higiênico. O álcool em gel disponibilizado pelo governo venceu em janeiro! De acordo com estudo encomendado pela APEOESP ao Instituto dos Arquitetos do Brasil – Seção São Paulo e DIEESE, 82% das escolas estaduais não possuem mais que dois banheiros para os estudantes. Há mais de mil salas de aula totalmente inadequadas no estado.

Supervisores, diretores, funcionários, demais membros das equipes escolares, comprometidos com a defesa da vida, juntamente com professores, estudantes, pais e mães, fiscalizaremos e denunciaremos as reais condições estruturais das escolas, para mostrar a toda a sociedade a manipulação irresponsável que embasa a insana decisão de retorno às aulas presenciais neste grave momento.  Em cada região serão constituídos comitês de vigilância por grupos de escolas com a participação de todos os segmentos com essa finalidade.

Os professores e demais profissionais da educação estão do lado justo e correto. A população entende e apoia a sua luta pela vida, que é uma luta de todos e todas. Por isso, pais e mães não mandam seus filhos às escolas. O percentual de comparecimento de estudantes se mantém em torno de 5%, quando o governo queria algo entre 35% e 70%.

O dado alarmante é que a APEOESP já registrou, em apenas 125 escolas, 247 casos de covid 19 nos últimos dias. As subsedes da APEOESP e os professores estão exigindo que todas essas unidades sejam fechadas e entrem em trabalho remoto imediatamente. Estão, inclusive, recorrendo ao Ministério Público para que isso ocorra. É preciso deter o vírus.

Os professores e demais profissionais da educação dizem, com razão: Retorno às aulas presenciais somente com a vacinação dos profissionais da educação na primeira etapa e condições de segurança sanitária nas escolas”.

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